domingo, 26 de agosto de 2007

Antigas Atualidades

Hoje tive um momento dos mais gratificantes, ao assistir à performance de uma amiga na adpatação da peça "A Cidade e as Serras", do grande Eça de Queirós. Mesmo feita em 1887, esta peça nos remete àquela questão que tanto indago aqui em meus textos: o que uma cidade faz a uma pessoa, ou, mais aplicadamente, o ritmo dessa cidade faz a muitos de nós...No romance de Eça, as serras são instrumento de redenção, que, na realidade, já estava no corpo e na alma de Jacinto, apenas ele não dava ouvidos...As inquietações são a maneira de nossa alma nos instigar a transformar, mesmo a transgredir em nome desta transformação...Se não damos ouvidos a elas, nos deprimimos, nos sentimos as piores pessoas do mundo; de repente, somos levados a fazer coisas que não nos reconhecemos a fazer, numa descida aos infernos que só nos leva à autodestruição; perdemos o senso de beleza, de vida, de intensidade, e nos deixamos levar, não mais nos levamos. É sempre bom dar ouvidos a nossas inquietações, pois elas são o alarme que nos mostra que alguma coisa precisa ser mexida, reinventada, repensada...Assim, os que não podem ir às serras, busquem as serras de si mesmo, dentro de seus corações...Elas, com toda a certeza, estarão lá...


Volto meu coração
Ao verde de onde vim
Das planícies donde, menino
Sonhei conquistar o mundo...
Volto minh'alma
Aos prados e bosques
Donde, menino,
Sonhei ser mágico arqueiro
Numa floresta encantada
Volto meu ser
Às praias calmas donde, menino,
Sonhei conquistar os mares;
Voltei pras minhas terras de sonho
E, sorrindo,
O menino que deixei lá
Ainda, a sorrir, me esperava
E então entendi que, ao sonhar
Era o menino a dizer
No seu eterno sorrir
Que jamais me abandonara...

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